segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Romance Assombrado - Epílogo

Esse texto foi feito para participar de um concurso de contos infanto-juvenil, tem algumas modificações e vou deixá-lo sem final pois quero continuá-lo.




Às vezes me pergunto como me meti nessa história. O problema agora é que estou apaixonada. Por um fantasma! Ah não, não é sentido figurado, ele realmente é um fantasma.
Minha mãe insistiu pra que eu arranjasse um namorado vampiro ou bruxo. Mas o que eu posso fazer? Os fantasmas são muito mais lindos do que as outras raças.

Mamãe diz que isso é uma traição da raça. Daí eu me pergunto “que raça?”, se eu sou apenas o que eles chamam de Luna, a misturinha.  Meu pai é vampiro e minha mãe humana. O que é bem triste sabendo que eu e minha mãe e talvez até meus netos vão morrer antes dele. A sorte é que sendo uma mistura, não tenho tanta sede de sangue e durmo normalmente à noite. Mas o problema é viver menos, tudo bem que ainda vivo mais que os humanos, mas não passo dos 1000 anos.

A escola é normal, para mim: a mistura. Já que minha mãe é humana, nada mais normal do que eu estudar em uma escola humana, certo? Errado! Acredita que há uma escola só para as misturinhas? Claro que não só vampiro/humano, mas também vampiro/lobisomem, humano/fantasma, e por aí vai. Mas dentro da escola temos matérias apenas nas nossas respectivas raças.
Foi na Big Breeds  High School que eu conheci o Andrew. E não, ele não estudava na Big Breeds, pois ele é raça pura. Foi no baile de formatura. Não era eu que estava se formando e sim minha amiga Bretsy, metade humana e metade lobisomem. Eu estava no primeiro ano. Os formandos poderiam convidar três pessoas do colégio e duas de fora.

Como eu esperava, não havia ninguém que eu conhecia naquele baile, a não ser a Bretsy. Depois de meia hora eu já estava pronta para fugir. Saí do salão e fui em direção à saída, que por sorte ficava perto dos banheiros. Então mesmo que só por paranóia minha alguém estivesse me seguindo era só entrar no banheiro e esperar uns dez minutinhos. Eu já estava quase na porta quando ouvi um barulho e estanquei. “Oh não, eu já passei dos banheiros.”

“Ei garota, indo embora? É tão cedo, a festa mal começou.” Eu virei devagar enquanto formulava uma resposta. Mas quando eu o vi, quase desabei, ele era o fantasma mais lindo que eu já tinha visto. Como eu sabia que era um fantasma? Eles tremeluzem  um pouco à noite.

Enfim, não consegui formular nada melhor que um “Uhum.”

“Oh, é uma pena. Eu não conheço ninguém e, pensei que pudesse me fazer companhia.” Ele se aproximou de mim e eu senti aquele perfume. Oh não, aquele perfume.

“Ah sim.” Não Luna, não diga tudo bem! “Tudo bem, acho que posso ficar mais uns minutos.”

Maldito perfume! Todos os fantasmas liberam odores, para alguns pode ser um perfume, para outros não. E quando é um perfume, ninguém descobriu o porquê ainda, mas o que o fantasma pede não conseguimos deixar de atender. E tem alguns que ainda dizem, que se o perfume for muito atraente, a pessoa corre o risco de se apaixonar.

NÃO! Eu não posso me apaixonar por ele, nem o conheço.  E o que um cara gato desses iria querer COMIGO? Ele nunca olharia para mim, a não ser agora.

Ele colocou a mão em minha cintura e me levou para uma escadaria perto dos banheiros. Eu meio que me deixei levar porque A MÃO DELE ESTAVA NA MINHA CINTURA! E sentamos ali sem eu ao menos 
notar o trajeto que fizemos.

“Achei que gostaria de ficar na festa e não na escadaria.” Falei
“Bem, acho que sua companhia será muito mais agradável aqui onde eu possa ter toda a minha atenção voltada a você.”

É claro que mudei de assunto rapidamente.

“Não me disse seu nome.”
“Ah sim, desculpe. Meu nome é Andrew. E o seu?”
“Luna e você é de que século hen?”

Nada melhor pra falar.

“Século XIX. Acho que percebeu que minha fala é diferente.”
“Uhum”

Nada melhor pra falar de novo. Fantasmas podem ser de qualquer século. A sorte deles é que eles podem envelhecer quando quiserem. Ou seja, se esse gato quisesse morrer daqui trinta segundos, ele morreria. De novo. Mas definitivamente.

“Você é muito linda. Foram poucas as mesclas de vampiros e humanos que achei tão bela.”

Ele estava falando de mim? Verdadeiramente de mim?

“Acho que está me deixando envergonhada.”
“Desculpe, é que sinto alguma coisa em relação a você, mas não consigo saber o que.” Ele me olhou com os olhos em dúvida.

Dizem por aí que fantasmas às vezes também sentem perfume. Mas são ocasiões raras. Ouvi dizer que em toda a história das raças houve apenas seis.
“Não imagino o que seria.”
“Sabe, você me faz sentir bem. E que perfume você está usando? É ótimo”

Ok, isso soou extremamente estranho. Não curto perfumes em mim, me sinto sufocada, ou seja, eu não uso.
"Ah, perfume? Eu não uso, deve ser de alguma garota do salão que passou por mim."
Dei um sorriso frouxo pensando desesperadamente num jeito de ir embora. Não me entendam mal, claro que eu adoraria ficar perto do Andrew, ele era o cara mais lindo que já vi, mas a chance de me apaixonar por ele apenas crescia. 

Como uma resposta às minhas preces, minha amiga Bretsy me achou ali sentada e veio correndo me chamar para conhecer suas amigas que também eram formandas. 
"Tenho de ir, se não se importa." Falei, e enquanto me levantava Andrew puxou minha mão.
"Adorei lhe conhecer, Luna. Espero vê-la em outras ocasiões, um pouco menos desconfiada."
Ele piscou pra mim e fez sinal para que eu fosse para o salão. Ao chegar na porta olhei para trás e ao ver que ele já tinha desaparecido, senti um aperto no peito. "Oh não, me apaixonar não."


Mariana Patrício Melo