-Garota, é melhor não me deixar falando sozinho.
-Faço o que quiser, sai da minha frente.
Andei em sua direção, apenas esperando o momento em que ele sairia do caminho. Mas ele não saiu.
-Qual o problema? Nem te conheço, larga do meu pé.
Ele me olhou dos pés à cabeça e sorriu.
- Você realmente não lembra de mim?
O olhei com mais atenção dessa vez. Olhos cinzentos, barba por fazer e cabelos desgrenhados pelo vento. Lindo, a primeira palavra que surgiu na minha mente, mas não deixaria ele notar o que eu estava pensando. E é claro, não perderia a chance de ser sarcástica.
-Algum mendigo que um dia ajudei?
Dando um empurrão nele para abrir caminho, senti sua mão me puxando.
-Ah não brinca, Brubs. Não acredito que você não está lembrada!
Já estava começando a responder com palavrões quando ouvi meu apelido, parei de falar no meio de uma frase, com a boca aberta. Ainda bem que me recuperei rápido.
-Escuta aqui, cara. Não sei como você sabe meu nome e nem como me achou. Só me deixa em paz, tá bom? Cai fora.
-Não, não caio fora. Cansei de esperar, Brubs.
A próxima coisa que senti foram suas mãos fortes sobre meus braços e seu abraço me puxando para perto, com um movimento rápido sua boca encontrou a minha, deixando uma exclamação fraca no ar, dando lugar a um suspiro prazeroso.
Até cair a ficha. Com toda a força que ainda me restava, o empurrei.
-Tá doido? Qual é a sua?
- Ha ha. Bruna, nem acredito que pude fazer isso.
Parou de rir abruptamente e apenas disse:
-Sou eu, Marc. Seu vizinho, há 13 anos atrás. Agora lembra?
E ao dizer isso virou-se e foi embora.
Marc, aquele Marc. Eu, simplesmente, não podia acreditar que ele havia voltado.
Mariana Patrício Melo
quinta-feira, 24 de março de 2011
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